Juro baixo é desafio bom
Com a taxa básica de juros em seu patamar histórico
mais baixo, há um claro desafio para a nova diretoria da Associação Brasileira
das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais, a Anbima: desenvolver
instrumentos financeiros mais sofisticados e seguros e assim incentivar a
competitividade entre os agentes do mercado de capitais, especialmente em
linhas e instrumentos para financiamento de longo prazo. A tarefa foi exposta
pela nova presidente da associação, Denise Pavarina, ao tomar posse
oficialmente ontem durante evento realizado em São Paulo.
"Esse é o momento que todos esperávamos. Nós,
distribuidores e planejadores financeiros, temos de olhar para a nossa real
capacidade de gerar valor para os investidores", disse ela, diante de uma
plateia que reunia cerca de 600 pessoas entre banqueiros, gestores,
investidores e convidados.
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Denise Pavarina - Pres. AMBIMA |
"O Brasil precisa de recursos para crescer e
cabe ao mercado de capitais financiar parte relevante desse crescimento",
acrescentou a também diretora do Bradesco, ao dizer que continuará a fazer
parte da agenda da entidade "discutir e sugerir várias formas de redução
de custos em nosso sistema [...] e de acesso dos investidores aos
mercados."
Durante seu discurso, Pavarina deixou claro que o
processo de queda de juros na economia deve proporcionar mudanças culturais nos
investimentos. Na busca por alternativas mais rentáveis de aplicação,
aumentaram as pressões sobre as taxas de administração dos fundos de
investimento. Mais tarde, em entrevista, ela afirmou que o setor deverá
reavaliar sua estrutura de custos para se adaptar ao novo ambiente.
A mesma ideia havia sido reforçada pouco antes pelo
diretor de política monetária do Banco Central, Aldo Mendes, que abriu o
encontro. Ele afirmou que o processo de queda da Selic proporciona a
consolidação de outras áreas do mercado de capitais, como a emissão de títulos
privados de longo prazo com retornos mais elevados.
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Aldo Mendes - Diretor de Política Monetária do BACEN |
O movimento recente de expansão do crédito na
economia brasileira deve ter continuidade nos próximos anos, mas a um ritmo
mais moderado, segundo o diretor do BC. Em compensação, ele projetou o
crescimento de algumas linhas, principalmente aquelas que requerem prazos mais
longos, como os segmentos imobiliário e de infraestrutura.
Ele citou como exemplo recente positivo a criação
das letras financeiras, títulos de dívida semelhantes a debêntures que podem
ser emitidos por bancos, "que se transformaram, em um curto espaço de
tempo, em um importante instrumento de captação de instituições
financeiras."
Paralelamente, Mendes deixou claro que o ambiente de juros baixos também
exigirá uma atenção redobrada e um maior gerenciamento de risco por parte da
entidade central. "O Banco Central está atento a este processo",
disse.
Autor(es):
Por Filipe Pacheco e Vinícius Pinheiro | De São Paulo
Valor
Econômico - 10/08/2012 www.valoronline.com.br
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