FINANCIAMENTOS / Cooperativas preparam entrada no
financiamento habitacional e prometem taxas menores
Os consumidores interessados em comprar um imóvel
terão mais opções, nos próximos meses, na hora de contratar um financiamento.
As tradicionais cooperativas de crédito, que se destinam a oferecer empréstimos
e prestação de serviços bancários em condições mais favoráveis aos seus
associados, prometem dar uma sacudida no setor habitacional dominado pelos
grandes bancos. Fruto da associação de pessoas com interesses comuns, que são
ao mesmo tempo donas e usuárias dos recursos depositados, as cooperativas
pretendem oferecer juros mais baixos que os praticados no mercado. Elas já têm
taxas mais atrativas no crédito pessoal e no cheque especial . A primeira a manifestar
interesse em criar o produto foi a Sicredi, uma central que agrega 113
cooperativas em 10 estados, com mais de 2 milhões de associados. Ela aguarda
somente a liberação da nova linha pelo Banco Central para colocar o produto na
rua. Por enquanto, a direção da entidade optou por manter as condições do
financiamento em sigilo. Também interessado em oferecer crédito para compra de
imóveis, o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob ) estrutura um
projeto par a entrar em operação no primeiro semestre de 2013. Atuando em 13
estados, com 2,3 milhões de associados, o Sicoob pretende ofertar R$ 100
milhões no primeiro ano de operação da linha imobiliária. A gestão dos recursos
ficará a cargo do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), braço financeiro do
sistema.
Interior
O superintendente de gestão estratégica do Bancoob,
Cláudio Halley , explica que as operações serão feitas em todo o país, mas se
concentrarão mais no interior , pois é nas cidades com até 100 mil habitantes
que a instituição tem presença marcante. Halley observa que, além do deficit de
17 milhões de novas unidades habitacionais até 2022, há uma demanda de mais 5
milhões de residências para quem compartilha a moradia com familiares ou com
amigos e quer comprar a própria casa. "Entendemos que a nossa for-te
presença no interior do país nos torna o agente financeiro ideal para
possibilitar que a população menos favorecida tenha acesso a crédito . Assim
promove-mos o desenvolvimento social e econômico de milhões de brasileiros, o
que é uma de nossas missões " , ressalta. O gerente do ramo crédito da
Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Silvio Giusti, avalia que o
mercado imobiliário continua em expansão e a demanda por financiamentos é uma
grande oportunidade de negócios. Ele ressalta que, com a redução da Taxa Básica
de Juros (Selic) e o potencial de consumo dos brasileiros, há espaço para
competição nesse mercado . Giusti afirma que as cooperativas oferecerão aos
associados empréstimos atrativos. "Temos um papel social grande e somos
motores de desenvolvimento de várias regiões" , diz. Segundo ele, mais de
6 milhões de pessoas integram essas instituições . Par a ele, com a criação do
Fundo Garantidor de Crédito das cooperativas singulares de crédito e dos bancos
cooperativos pelo Banco Central, em outubro passado, o governo demonstrou
interesse em fortalecer a atuação desse segmento na oferta de empréstimos e
financiamentos.
Fundo
Na avaliação do sócio titular da JLC Consultores
Associados e especialista em organização e normas do sistema financeiro, José
Luiz Rodrigues, o sistema de cooperativas de crédito no país está bem
estruturado. Ele avalia que a entrada dessas entidades no financiamento
imobiliário trará mais competição ao mercado. Segundo Rodrigues , os
consumidores serão beneficiados com essa novidade e podem esperar taxas de
juros mais baixas que as oferecidas pelos bancos convencionais. "O governo
tem dado sinais de que a entrada das cooperativas nesse mercado é importante
" ,
diz. Rodrigues também destaca a iniciativa da
criação do fundo garantidor de crédito específico para essas instituições como
sinal claro da intenção do governo de incentivar essas operações. "Há uma
carência de financiamentos no interior do país, onde as cooperativas estão mais
presentes. Elas têm todas as condições de competir" , acredita. Para o
vice-presidente da Associação Brasileira do Mercado Imobiliário (ABMI), Pedro
Fernandes, a proposta das cooperativas é positiva, pois fomentará a competição.
"O consumidor terá mais uma opção. Os bancos convencionais precisam se
reinventar e taxas de juros mais atrativas podem surgir com esse movimento .
" As cooperativas de crédito são equiparadas às instituições financeiras e
seu funcionamento deve ser autorizado e regulado pelo Banco Central do Brasil.
Seus administradores estão sujeitos a penalidades da Lei 7.492, que trata dos
crimes contra o Sistema Financeiro Nacional.
Autor(es): ANTONIO TEMÓTEO
Correio Braziliense - 26/11/2012
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